quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A liberdade me move!

Meu bem,
quero te contar uma história que aconteceu comigo.
Ontem fiquei fazendo uma leitura lá na estaçao das docas, "A Cegueira Moral", autor Bauman.
Tomando um suco de Abacaxi com hortelã.
Entre uma linha e outra parava para observar as pessoas que ali estavam transitando, submersos em seus celulares, muitos deles "caçando pokemon". 
Foi quando observei uma cena que me chamou atenção. Dois homens altos, que também estavam caçando, mas não era pokemon, eram mulheres (que eu não seja condenada por essa fala, por favor!). Fiquei intrigada com a abordagem ... da forma como queriam conversar. 
As mulheres passavam eles a puxavam pelo braço delas e as chamavam. Algumas paravam... Outras puxavam o braço e olhavam de cara feia pra eles.  Depois de um tempo baixei a cabeça e continuei lendo e tomando o meu segundo copo de suco. Passado um tempo e algumas folhas do livro, pedi a conta para ir embora.
E foi aí que olhei pra frente e os dois estavam ali na minha frente me olhando, pensei “Égua… eu sou a próxima”, não queria acreditar.
Olhei pra trás e naquela área so tinha eu sentada ali e pensei... Lógico que esse é um lugar de poucas pessoas... é so lanche. E também foi por isso que escolhi sentar aqui, para uma pequena pausa.
Olhei de novo pra eles... E um deles disse: Boa noite!
Respondi educadamente e ele falou algo que nao entendi e disse: não entendi.
Ele se aproximou e perguntou se eu estava esperando alguém
Disse que não, expliquei que na verdade já estava de saída... 
Insistiu, pediu pra sentar e mesmo explicando que eu já estava saindo ele pediu tres minutos de atenção.
Respirei fundo e disse “Ok... Tres minutos”.
Perguntou meu nome... Eu disse apenas o primeiro.
E olhei... E perguntei... Você deseja perguntar algo além disso? (pra quem me conhece, sabe que sou direta)
Ele: "quero fazer amizade com você".
Eu, fiquei imaginando, como fazer amizade em tres minutos, mas tudo bem seguir em frente na atenção. 
Fui clara com ele: “espero que a amizade seja realmente de amigos”
E, como uma pessoa educada que inicia uma conversa com um desconhecido perguntei de onde ele era, e por incrivel que pareça mesmo país de meu namorado, fui logo dizendo ”Nossa que legal ... Meu namorado é de lá”.
E ai ele disse: um irmão meu?. Entendi que ele se referia a coterrâneo. 
Respondi que sim e assim os três minutos se transformaram em mais ou menos dez minutos. E, em meio a conversa pedi permissão para falar algo pessoal e ele consentiu. E eu disse:
“Não aborde as mulheres como você está abordando, isso é grosseiro. Elas não se sentem confortáveis. Somos mulheres, seres humanos e essa forma como você as aborda é um tipo de violência… e tra lá lá” 
Depois de tudo dito, juro que pensei que ele iria embora sem nem ao menos dar tchau. 
Mas me surpreendeu, sorriu e perguntou: “Como eu devo fazer? Quero fazer amizade”
E, aí a conversa continua: “Como vc fez, peça permissão, se ela consentir você continua, se não apenas agradeça. Com certeza isso é bem mais gentil.”
Estava tudo bem até então. E, aí ele fez o gesto que com certeza foi o encerramento da conversa. Resolveu pegar no meu joelho pra falar algo. 
Segunda respiração profunda, soltando o ar lentamente e calmamente, pedi que não me tocasse, que até ali a conversa estava boa, porém ele precisaria saber que 
“não é todo mundo que pega em mim, e que  eu daria a atenção necessária, mas não autorização de pegar em meu corpo, nem todas as pessoas tem a permissão”.
Ele levantou-se, pediu desculpa e foi embora.
Sim... Diante de tudo isso relatado... Fiquei pensando: tem muitas pessoas que tem uma imagem deturpada das mulheres que vão ver o por do sol sozinhas ou que sentam sozinha em um ambiente movimentado.
Eu sempre gostei de ver o por do sol sozinha ou acompanhada isso é um momento relax, que eu adoro!
E, sempre gostei do barulho do rio, isso me acalma.
E, havia me perguntado um dia desses:
 Ver o por do sol, de sentir a brisa no rosto, de ler um bom livro enquanto escuto o barulho das águas, ou mesmo de sentar e observar o movimento das pessoas que transitam a meu redor, por que havia deixado de fazer isso?
Ontem lembrei.

Para muitos:
Nós mulheres não temos que ter essa liberdade.
 
Mas para mim: 
A liberdade me move!


¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨Walkyria Santos


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