terça-feira, 5 de janeiro de 2016

EMPODERAR

Hoje li o seguinte post da rede social do Facebook, que com certeza muitos conhecem...

"Uma senhora comentou no perfil de Mark Zuckerberg:

"Darlene: Eu vivo dizendo para minhas netinhas 'namorem os nerds da sua escola', eles podem ser o futuro Zuckerberg!'"

Ele respondeu de forma épica:

"Mark: Melhor ainda seria você encorajá-las a serem as nerds da escola, assim elas seriam as próximas inovadoras"


 O comentário da senhora repercurtiu e está rodando as redes. E, por acaso, 
Acabei lembrando de um trecho do livro História das Mulheres no Brasil de Mary Del priore, que tem o seguinte trecho em que ela retrata a educação das meninas no século XVIII: 

"O programa de estudos destinados às meninas era bem diferentes do dirigido aos meninos, e mesmo nas matérias comuns, ministradas separadamente, o aprendizado delas limitava-se ao mínimo, de forma ligeira, leve. Só as que mais tarde seriam destinadas ao convento aprendiam latim e música; as demais restringiam-se ao que interessava ao funcionamento do futuro lar: ler, escrever, contar, coser e bordar; além disso, no máximo, que "a mestra lhes refira alguns passos da história instrutivos e de edificação, e as faça entoar algumas cantigas inocentes, para as ter sempre alegres e divertidas". No conjunto, o projeto educacional destacava a realização das mulheres pelo casamento, tornando-se afinal hábeis na "arte de prender a seus maridos e filhos como por encato, sem que eles percebam a mão que os dirige nem a cadeia que os prende." Em outras palavras, devia-se aguçar seu instinto feminino na velha prática da sedução, do encanto."


 Nossa sociedade, infelizmente, apesar das lutas constantes pelo direito de igualdade de gênero ainda tem muito arraigado essa necessidade de criar as meninas para serem: esposas bem delicadas e "educadas", mães amorosas, mulheres exemplares de acordo com os padrões sociais impostos.
Quem, enquanto mulher nunca escutou as seguintes frases durante seu crescimento?
- Menina não pode sentar de perna aberta.
- Menina não pode ter um boneco da Marvell.
- Você precisa aprender cozinhar, porque senão quando crescer seu marido vai brigar com você todos os dias!
- Minha querida, se você ficar emburrada você vai ficar com a cara toda feia e nenhum homem vai lhe querer.
ou então, seu irmão, primo ou qualquer outra pessoa lhe puxa o cabelo e você revida, vem alguém adulto e lhe diz:
- VOCÊ PRECISA RESPEITAR ELE, POIS ELE É HOMEM E TOMARÁ CONTA DE VOCÊ!
E aceitar?
Só devemos lembrar que o domínio psicológico, vem antes da agressão física. 
Ou então o menino escuta:
- Homem não chora, limpa essa cara!
- Se Chorar é frouxo!
Com isso, já vamos aprendendo a nos calar POR QUÊ?
Somos ensinadas e ensinados a isso. Reproduzimos isso nos filhos e filhas. Por mais que exista alguém dentro de nós mesmas que nos diga que não devo permitir.
As perguntas dentro de você começam a eclodir.
Por que eu permito? Como fazer pra sair dessa opressão? Por mais que eu ame eu não devo aceitar nenhum tipo de humilhação.Será?
E, com essas vem muito mais...
Por que, em vez de ensinarmos os nossos filhos que eles são homens, não ensinamos que eles são seres humanos?
Por que em vez de ensinarmos nossas filhas a serem princesas e esperarem pelos principes encantados, não ensinamos que elas podem ser o que quiserem?
Por que em vez de dizer para nossas filhas que elas precisam arranjar um "bom partido", não as ensinamos a ir buscar mais aprendizado, a superar seus limites? Elas dão conta, pode ter certeza. Basta você permitir.

Por que a gente não começa a aprender desde agora, que independente de ser homem ou ser mulher eu preciso respeitar o outro como um ser humano, assim como eu gostaria de ser respeitada ou respeitado?
Acredito que precisamos rever muita coisa, ou caso contrário, iremos está vivendo em um século XXI com pensamentos do século XVIII. 
Devemos lutar contra a opressão do outro sobre nós, precisamos nos libertar.
O que você acha?

Nenhum comentário: