sexta-feira, 21 de maio de 2010

Minha Mãezona!!!!


Hoje vou falar de uma pessoa maravilhosa que é muito presente em minha vida. Minha mãe. Mas antes de falar dela preciso explicar algo, para que não se confundam. Sabe, aquela postagem que coloquei aqui no meu blog dizendo “59 anos de casados – eles são meus ídolos”, pois é lá ta escrito que eles são meus pais, mas na verdade eles são pais de minha mãe Aluiza ( genitora), porém eles me criaram, e na minha cabeça eu tenho dois pais e duas mães, e ai de quem diga o contrário. (rsrs)

Sim, minha mãe Aluiza, que é quem realmente me gerou, é dela de quem quero falar hoje, e vai ser grande.
Quando pequena vi minha mãe, saindo todos os dias para trabalhar, morávamos no Bengui, onde ela hoje ainda mora, mas não na casa que hoje é de alvenaria, não! Era uma casa de madeira, que tinha uma bomba d’água manual, não tínhamos pia, era um girau, nosso chuveiro era a cuia, e o meu quarto com meu irmão era a sala, mas minha mãe me ensinou a dar valor nas coisas que tínhamos, mas não a se conformar, sempre a lutar, porém com dignidade.

Lembro da minha mãe muitas vezes enrolando a perna da calça comprida, para então ir ao trabalho, era moda? Não, não era. Nossa rua ela enchia quando chovia e tínhamos mesmo que enrolar a barra da calça. Depois aterraram mas continuamos enrolando a barra da calça, pois o problema depois era a lama da piçarra que grudava na nossa barra de calça, e, além de enrolar a barra da calça tínhamos que ir com chinela havaiana (que na época não era tão valorizada quanto hoje), até a rua Ajax de Oliveira e lá pedir pra alguém pra gente lavar os pés, para então calçar o sapato para não chegarmos ao centro de Belém todos enlameados. Mas minha mãe dizia que nossa rua era a melhor possível, pois era onde morávamos.
Minha mãe, que sempre foi lutadora, ia trabalhar, quando chegava em casa olhava nossos cadernos e cadernetas para ver se tínhamos ido a aula, depois tomava um banho e não ia se deitar não... ela ia pra trás de um balcão de bar que tinhamos em casa. Para trabalhar até mais ou menos 2 horas da manhã, isso quando não emendava da noite ao dia. Detalhe, minha mãe trabalhava o dia todo. De manhã em casa até as 10 horas e depois ia pro Liberal, onde era Fotocompositora, um ramo gráfico que acho que nem existe mais essa função. Lá dentro do Liberal ela conheceu o sindicalismo, e passou a nos levar para as reuniões e encontro dos gráficos, depois não era só isso... veio a Campanha do Paulo Rocha e do Zé Carlos pelo PT. E, ela na luta!
Garanto a todos que não foi na universidade que conheci o que era movimentos sociais, foi com ela e com os companheiros dela de luta, que hoje são meus companheiros.
Vi, muitas vezes minha mãe ser discriminada por ser mãe solteira e cuidar de dois filhos sozinha... lembro que numa escola que eu estudava eu até bati numa menina por que ela xingou minha mãe, e faço novamente isso tenho certeza.
Minha mãe parecia que tinha bola de cristal, pois por mais tempo que ela passasse fora, ela sabia tudinho o que tínhamos aprontado (nem conto pra vocês que os vizinhos nos derrubavam... rsrs). Não tínhamos dinheiro pra pagar babá, portanto, quando minha mãe saia de casa, nos deixava e dizia que eu e meu irmão éramos responsáveis pela casa. Mas tinha as nossas vizinhas que nos olhava de vez em quando, pra saber se estava tudo bem por lá.


Nunca vi uma pessoa ser tantas pessoas numa única pessoa, se é que me entendem?!
Mas a minha mãe era e é assim.
Vi minha completar 50 anos e ter uma festa maravilhosa e merecida!
Mas depois meu desespero foi total ao perceber que por um instante eu poderia perder minha mãe, quando ela teve AVC... eu todos os dias chorava, mas não podia chorar na frente de ninguém, por que isso ela me ensinou, a não demonstrar fraqueza!
Médicos me disseram que talvez ela não voltasse a andar, porém mais uma vez ela me mostrou como ela é forte, pois com três meses que havia saído do hospital não sentou mais na cadeira de rodas, pois passou a andar com nosso amparo, e hoje já até sai sozinha... pra mim é uma felicidade, eu imagino pra ela.
Vi muitas vezes minha mãe preocupada conosco e até hoje é assim... Alex (irmão) e eu já temos cada um o nosso canto, nossas famílias, mais ela ainda liga pra saber se estamos bem... e no dia em que ela não liga... sinto falta!
Eu digo pra vocês, que aqui estão lendo. Ela é uma guerreira, lutadora.
Ela nos criou num bairro dito perigoso, pela quantidade de violência existente lá, mas sempre nos mostrou o que iria acontecer conosco se fossemos por aquele caminho, que alguns colegas nossos enveredaram. Nos mostrou que o Bengui, não era apenas um bairro cheio de bandidos. Nos mostrou que lá era um bairro que tem história de luta no movimento social, que muitos movimentos se iniciaram por lá, que se hoje temos ruas asfaltadas em algumas localizações é pela luta da Associação dos Moradores, do Emaús, da Igreja e outras mais.

Nos mostrou o que significa sermos cidadãos de direitos e deveres.

E, é a essa mulher que devo o ínicio do meu conhecimento na área das ciências sociais que é hoje o curso que estou fazendo e que daqui há um ano estarei com o meu diploma na mão, para então dizer a ela:
- Mãe, a senhora é parte desse sonho realizado!

Te amo mãe!

Um comentário:

Unknown disse...

Walquiria,

Tens razão em ser curuja dela.
Que continue a curti-la.
Que todos nos possamos curtir nossas mães em vida.
Quem sabe um dia a gente senta pra conversar com ela.
Grande bjo no coração.
Luiz/RS