segunda-feira, 17 de maio de 2010
Para meu filho, Alan
Percebi o quanto sou ausente em sua vida, pois em nenhum momento ele citou as vezes que passeamos, ele disse onde eu trabalhava, onde eu estudava, o que fazia, mas em nenhum momento disse que passeamos, ou algo assim.
Pensei, realmente sempre foi assim, eu sempre saí pra trabalhar muito cedo de casa e voltei muito tarde, muitas vezes ele já estava dormindo.
Acompanho meu filho e seu crescimento através de celular, buscando saber o que ele faz ou deixa de fazer. Consequências da Pós-modernidade como diria alguém (Gydens... rsrsrs).
Hoje os filhos estão sendo criados pelo mundo literalmente, e não mais pelos pais.
Fui tentar fazer as contas de quantas vezes fui a reunião de pais e mestres na escola... que vergonha... são contadas nos dedos... porém as vezes que eu liguei pra Professora Elza, Cida, ou Catarina e agora Rosineide... não lembro mais. Será que é só eu que passo por isso?
Ele procura entender o meu lado, sempre me diz que sabe que eu saio muito por conta que preciso trabalhar e estudar. Mas ultimamente, percebo que ele está precisando mais de mim. Ele tá mais crescido, e somente as bolas e as brincadeiras já não o satisfazem... me partiu o coração quando esta semana que eu estava em casa... ele me disse:
- Mãe, às vezes eu me sinto muito só!
Imaginem só o quanto pra uma mãe é difícil escutar isso... eu não sabia o que dizer, mas posso dizer pra vocês, que abracei meu filho muito mesmo, sei que não é o suficiente para que eu possa suprir a carência que ele está sofrendo por conta de minha correria do dia a dia. Mas surtiu algum efeito, quando ele voltou da escola e viu que eu não tinha saído de casa. Passou o restante da semana muito feliz. E eu maravilhada em ver o sorriso dele em seu rosto.
Só posso dizer pra vocês, que o Alan veio pra minha vida... iluminar o meu dia e a minha noite, pois por mais correria que eu esteja em conseqüência das diversas lidas do dia a dia...
Posso dizer que ele é rebelde, mas é carinhoso..
Que podem chamá-lo de o palhaço da turma, pois adora tirar brincadeira...
É hiperativo... graças a Deus, pois no dia em que ele está quietinho eu digo “AI MEU DEUS”.
Quando me abraça, o vazio da minha vida se enche.
E se na minha casa ele não está, fico pensando o que pode está acontecendo, se ele tá se divertindo.
Posso muitas vezes parecer uma mãe ausente, mas sinceramente, não consigo me imaginar sem essa pessoinha que veio alegrar meus dias.
Obrigada meu Deus, pelo filho maravilhoso que eu tenho.
Beijos Alan,
Mamãe te ama muito, tenha certeza disso!
Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."
Fernando Pessoa
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